Saudade.

Posted on 15:10




Vamos lá, acho que já estou pronta para escrever.

Faz muito tempo que eu queria falar sobre tudo que senti a três meses atrás e como tive que aprender a conviver com isso.

Impressionante como de um dia pro outro ou em apenas algumas horas você pode perder o chão e tudo que era brincadeira, felicidade, risos, some! Por alguns dias você pensa que nunca mais vai sorrir, que nada vai ser como era antes, que não vai se acostumar com a ideia, a vontade é de desistir de fazer tudo que você gosta.

Há três meses atrás perdi aquele que me viu crescer, que vibrava comigo, que brincava, que me chamava de um apelido que só ele chamava, que tinha mania de brincar de me dar tapinha nas costas achando que tinha a mão leve, que quando eu chegava dava aquele abraço e quando eu saía dizia "que a luz divina te ilumine", me apoiava em jogar futebol e que adorava ver eu com meu jeito fanático vibrar pelo palmeiras.

Ele ensinou a ter humildade sempre e nunca tratar as pessoas diferentes independente de onde elas viessem, ensinamentos que ele passou para minha mãe, e que hoje eu tenho comigo, desde sempre. Eu aprendi que todas as pessoas gostam de um sorriso, precisam de um abraço e sabe? O abraço dele faz falta.

Toda quarta feira eu o via e ele sempre soltava aquela gargalhada gostosa quando minha mãe contava alguma coisa que eu tinha feito, ele achava engraçado o jeito de moleca que eu pulava muro, subia em árvore, jogava bola (sem perder a classe) hahahaha.

Alguns dias antes tinha sido o aniversário dele e foi surpresa, ele ficou tão feliz em ter todos os netos e as pessoas que ele amava lá. Ele fez um discurso que no momento eu não dei TANTA importância, achei que era coisa de aniversario e nada mais. O último abraço que eu dei nele foi ótimo, apertado, como todos os outros, eu sabia que iria vê-lo de novo. Pois é, achei e me enganei, fui dormir tarde, como a maioria dos dias das férias quando as 6h da manhã acordo com a minha mãe gritando, desesperada se vestindo, eu estava com muito sono, e apenas perguntei “o que aconteceu?’’ ela me respondeu “seu avô passou mal, estamos indo lá”, esse “passou mal” para mim era tipo “vamos ao médico e tudo ficará bem", ela perguntou se eu queria ir com ela mas eu preferi ficar em casa, claro que eu estava super preocupada, mas não gosto de participar de momentos em que pessoas que eu amo não passam bem, meu irmão logo pulou da cama dizendo que iria, eu muito cansada dormi de novo. Acordei com meu pai sentado na ponta da minha cama junto ao meu irmão, abri o olho assustada quando ele disse ‘filha, preciso te dizer uma coisa’, ele tava com a voz triste, e meu irmão tentando disfarçar um pouco, eu já comecei a chorar, me afastando e levantando devagar fui dizendo ‘me fala, me fala logo, o que aconteceu?’, e ouvi aquela frase que eu nunca desejaria ter ouvido, a frase que até hoje mais doeu meu coração, foi como uma facada, não dá para explicar, “o vovô morreu”, eu comecei a chorar desesperadamente e eles não aguentaram e choraram comigo, me abraçaram, e eu dizia que era mentira, que não podia ser, que ainda tinha jeito, mas eles não conseguiram alimentar minha grande esperança.

Chorei, chorei, chorei e chorei muito, acho que nesses momentos é o que conseguimos fazer, chorar e nos culparmos por não ter feito isso ou aquilo.

Fiquei sozinha enquanto eles tinham que resolver tudo, eu queria ficar sozinha, mas não deu, comecei a receber telefonemas, dos meus amigos e da família, queriam me dar uma força e tal, mas eu dizia que não queria nada, que tudo tinha acabado e que nada mais tinha sentido e eles diziam que a Luana alegre, brincalhona, e animada não podia acabar ali, que isso é uma fatalidade da vida. Mas essa Luana ficou de lado durante um tempo.

Pois é, vocês devem imaginar como eu me senti, depois disso teve o velório, que durou a madrugada inteira até as 9h da manhã, não dormi um segundo, mas fiz companhia para todos que precisavam de mim e abracei meus primos, muito, principalmente os menores. Foi um dia triste, uma madrugada longa, mas eu fiquei horas do lado daquela figura maravilhosa que era meu avô.

Queria ter beijado, abraçado e dito “EU TE AMO” muito mais, mas ele foi tão rápido. Eu sinto falta dele, muita, às vezes o choro se torna incontrolável, falar sozinha se torna um hábito comum, mas eu sei que ele ainda está comigo, onde eu for, e que ele ainda vai se orgulhar muito de mim. Meu sonho não se realizou por completo, não tive ele nos meus 15 anos, e ele queria estar lá, ele tava acompanhando tudo e estava feliz.

Meu amor por ele não tem explicação, ninguém nunca vai conseguir entender, esse texto não é nem 1/3 de tudo que ele representa pra mim.

Enfim... A Saudade é eterna, o amor continua transbordando, a admiração a cada dia aumenta mais, no meu coração e na minha mente você vai permanecer enquanto eu respirar. Te amo muito.

“Mesmo sozinha sei, Que estás perto de mim, Quando triste olho pro céu”

Ps: Beijem, abracem e falem muito "EU TE AMO" para as pessoas que você ama, por que sério, você vai sentir falta de fazer isso quando eles não estiverem mais aqui.